sábado, 25 de setembro de 2010

Desconstruída

Ando desorganizada. Desconstruída. Indagando-me quem sou eu. 
Recebi como resposta este trecho da Clarice Lispector de uma amiga querida.  É, faz todo sentido neste momento da vida.....




Compartilho:

"Estou desorganizada. (...)
É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira que vivo. (...) Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser? e no entanto não há outro caminho. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo? como é que se explica que eu não tolere ver, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra como se antes eu tivesse sabido o que era! Por que é que ver é uma tal desorganização?” 


E na foto as minhas paisagens também desorganizadas pela seca. Esperando que se faça o verde novamente. 

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Como me sinto?



Como me sinto? Como se colocassem dois olhos sobre uma mesa e dissessem a mim , a mim que sou cego : isso é aquilo que vê , essa é a matéria que vê . Toco os dois olhos sobre a mesa , lisos , tépidos ainda , arrancaram há pouco, gelatinosos , mas não vejo o ver . É assim o que sinto tentando materializar na narrativa a convulsão do meu espírito , e desbocado e cruel , manchado de tintas , essas pardas escuras do não saber dizer , tento amputado conhecer o passo , cego conhecer a luz , ausente de braços tento te abraçar.


Hilda Hist

Sim, é como me sinto nessas semanas de mergulho em águas densas......

E a foto que deixo capta um momento de vizinha, no fim de tarde encantado do cerrado