Dêem ao Homem Uma Viola-de-Amor e façam-no cantar um canto assim...
Sairei de mim mesmo em busca de mim mesmo, em busca de minha imagem perdida nos abismos do desespero, minha imagem de cuja face já não me lembro mais...
Sairei de mim mesmo em busca das melodias esquecidas na memória, em busca dos instantes de total abandono e beleza, em busca dos milagres ainda não acontecidos...
Possa eu voltar a ser aquele que não teme ficar só consigo mesmo, numa dura solidão sem delinqüência....
Que o meu rosto reflita nos espelhos um olhar doce e tranqüilo, mesmo no mais fundo sofrimento; e que eu não me esqueça nunca de que devo estar constantemente em guarda de mim mesmo, para que sejam humanos e dignos o meu orgulho e a minha humildade, e para que eu cresça sempre no sentido de Tempo...
Pois o meu coração está antes de tudo com os que têm menos do que eu, e com os que, tendo mais do que eu, nada têm.
E que este seja o meu canto e o escutem os surdos de carinho e de piedade; e que ele vibre como um sino nos ouvidos dos falsos apóstolos e dos falsos apóstatas; pois eu sou o homem, ser de poesia, portador do segredo e sua incomunicabilidade - e que meu largo canto vibre acima dos ódios e ressentimentos, das intrigas e vinganças, nos espaços infinitos...
Dêem ao homem uma viola-de-amor e façam-no cantar um canto assim, que sua voz está rouca de tanto insulto inútil e seu coração triste de tanta vã mentira que lhe ensinaram.
de Vinícius de Morais.
E a foto é minha.
Bernardo, Alice, Sol e Igor em momentos que me motivam a vibrar acima de todas as incoerências e impertinências do dia-a-dia, que insistem em ofuscar meus olhos para o que realmente importa na vida.
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