O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...
De Álvaro de Campos
E a foto é da Flávia Vivacqua, numa viagem que fizemos juntas para o sítio de um amigo. Saudades dos amigos.
E cansada demais para escrever ou pensar mais de duas linhas.
ah, sil, que foto linda!
ResponderExcluirflorzita, descanse mais, não se sobrecarregue tanto... vc merece, caramba!
beijo
bom é poder escolher esse caminho né sil? nem sempre o mais fácil, mas sempre compensador.
ResponderExcluirpor falar em cansaço....rs
beijo
já tinha lido, sil.
ResponderExcluirtô explodindo.
à beira.
sempre à beira.
tem dias q ele bate, né? pra quem mergulha como a gente não sabe viver sem fazer, ele aparece. mas o bom é que no outro dia a gente acorda, e aí não mais. e começa tudo de novo. delícia.
ResponderExcluirbjo!