segunda-feira, 24 de agosto de 2009

com licença poética



Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.

De Adélia Prado.
E a foto é minha.
Juju, uma amiga muito querida que ajuda a carregar as bandeiras.


Nenhum comentário:

Postar um comentário