terça-feira, 30 de junho de 2009

poética


Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
DE MANUEL BANDEIRA
E na foto eu e Carina. Carnaval de 2008.

quinta-feira, 25 de junho de 2009


Tão bom voltar.
Sentir familiaridade.
Dar aquele abraço gostoso, cheio de cumplicidade.
Conversar aquela conversa antiga, sobre tantas coisas da vida.
Reviver a história compartilhada.
Ouvir quem te conhece, e sabe de tantas coisas que não estão na superfície.
Pisar em terra firme. Porto seguro.
Tão bom.

Um dia ainda volto para onde faço sentido.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Tem dias...


"Tem dias que a gente se sente,

Como quem partiu ou morreu"

.............

segunda-feira, 8 de junho de 2009

destino dado


"Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando.
Mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois."

de Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas.
Um dos mais belos livros, sobre a vida, que eu já li.
Grande travessia literária.
e a foto é minha.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

SARAVAH

Trechos do histórico filme do francês Pierre Barouh.
Sem mais palavras.
Beleza musical do começo ao fim.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

uma viola-de-amor

Dêem ao Homem Uma Viola-de-Amor e façam-no cantar um canto assim...
Sairei de mim mesmo em busca de mim mesmo, em busca de minha imagem perdida nos abismos do desespero, minha imagem de cuja face já não me lembro mais...
Sairei de mim mesmo em busca das melodias esquecidas na memória, em busca dos instantes de total abandono e beleza, em busca dos milagres ainda não acontecidos...
Possa eu voltar a ser aquele que não teme ficar só consigo mesmo, numa dura solidão sem delinqüência....
Que o meu rosto reflita nos espelhos um olhar doce e tranqüilo, mesmo no mais fundo sofrimento; e que eu não me esqueça nunca de que devo estar constantemente em guarda de mim mesmo, para que sejam humanos e dignos o meu orgulho e a minha humildade, e para que eu cresça sempre no sentido de Tempo...

Pois o meu coração está antes de tudo com os que têm menos do que eu, e com os que, tendo mais do que eu, nada têm.
E que este seja o meu canto e o escutem os surdos de carinho e de piedade; e que ele vibre como um sino nos ouvidos dos falsos apóstolos e dos falsos apóstatas; pois eu sou o homem, ser de poesia, portador do segredo e sua incomunicabilidade - e que meu largo canto vibre acima dos ódios e ressentimentos, das intrigas e vinganças, nos espaços infinitos...

Dêem ao homem uma viola-de-amor e façam-no cantar um canto assim, que sua voz está rouca de tanto insulto inútil e seu coração triste de tanta vã mentira que lhe ensinaram.

de Vinícius de Morais.
E a foto é minha.
Bernardo, Alice, Sol e Igor em momentos que me motivam a vibrar acima de todas as incoerências e impertinências do dia-a-dia, que insistem em ofuscar meus olhos para o que realmente importa na vida.